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Histórias da minha cidade: Relação da fábrica têxtil com a massa operária

Publicada em: 14/12/2023 17:45 - Notícias

Por Cesar Silva
 
Para muitos trabalhadores de Votorantim foram horas incalculáveis junto aos teares, o ritmo era forte na longa jornada de trabalho, era preciso garantir as metas de produção e atender as expectativas da chefia. Como seria esse relacionamento da fábrica e os operários? Em que condições viviam os trabalhadores e seus familiares?
Parece estranho nos dias atuais imaginar que era comum a presença de crianças trabalhando na produção, mas com 10 anos de idade já era possível ter o ingresso na fábrica, tanto que haviam caixotes de madeira junto aos teares para subirem e alcançar o maquinário. Era uma vida de adulto, sem muito descanso e as condições existentes refletia o próprio momento vivido do país.
O bairro da Chave foi concebido com a proposta de oferecer casas mais simples, geminadas, que surgiram basicamente com três cômodos, tinham calçamento, havia água encanada com isso não precisando recorrer a poço, até energia elétrica apesar de ser de baixa tensão estava instalada. Para a época essas casas foram consideradas muito bem-feitas.
Já a Barra Funda foi constituída com casas diferenciadas, num outro modelo arquitetônico, atendendo de modo especial mestres e contramestres. Eram maiores, tinham mais cômodos e algumas com jardim.
E se a massa operária tinha a facilidade de contar com moradias próximo ao trabalho, a empresa conseguia ter maior controle de suas vidas. Com o apito dando o ritmo não era preciso ter relógio. Antes do despertar de um novo dia, o primeiro sinal era para acordar os operários, alertando-os a se prepararem para ir até a fábrica e iniciar o primeiro turno.
Já o temor de perder o emprego existia, até por que surgiam timidamente as primeiras greves e em caso de dispensa não era somente o chefe da família que era penalizado, mas a família que estava empregada. A preocupação era de não se indispor com o patrão, mas com o passar do tempo os trabalhadores foram percebendo sua força, tanto que passariam a ser representados pelo sindicato em 10 de outubro de 1934 com o reconhecimento do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
 
Cesar Silva é jornalista, vereador, servidor municipal e autor de três livros sobre a história local

 

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