Vinicius Lara
A emancipação de Votorantim de Sorocaba completou 60 anos no dia 1º de dezembro de 2023, porém a comemoração dá-se em 08 de dezembro, Dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Votorantim. A aposentada Ilza de Freitas Alarcom, 75 anos, viu todas as transformações que a cidade fundada em 1965 passou.
Nascida em Votorantim, Ilza conta que morava em uma casa na Avenida 31 de Março de frente para a prefeitura. A paisagem era muito diferente do que vemos hoje, com asfalto e um grande movimento de carros.
“Naquela época, a 31 de março era de terra batida. Onde hoje é a prefeitura, era uma chácara bem grande e a gente ia lá brincar. As mangueiras que tem ali na frente, era o nosso ponto de referência para as brincadeiras. Brincávamos de carrinho de rolimã, subia em cima das árvores, ‘roubávamos’ manga naquele tempo. Eram as nossas brincadeiras preferidas”, relembra.
Ela conta que após o seu nascimento foi para o bairro Barra Funda, onde cresceu. As mudanças foram acontecendo ao longo dos tempos, quando dona Ilza tinha 16 para 17 anos, presenciou as discussões para a emancipação de Votorantim.
"Na emancipação, participei de tudo, fiz a maior folia. No auge das manifestações, participava de tudo e mais um pouco. Quando teve a emancipação, a gente saiu de frente da fábrica Votorantim, até o viaduto. A gente cantando e a banda tocando atrás”, conta.
Ilza começou a trabalhar na fábrica Votorantim com 14 anos e se aposentou com 39 anos, em um único lugar. Ela conta que passou por diversas funções durante o período que trabalhou e que a empresa reunia mais de cinco mil funcionários.
Apesar do trabalho, Ilza comenta que se divertida por estar entre amigos, principalmente após o expediente, quando aproveitava para passear com as amigas.
"A gente era criançada naquele tempo. O nosso divertimento era sair da fábrica na hora da janta e dar a volta no jardim da Bolacha, porque era onde os moços se concentravam para os bailes”, conta dando risada.
Assim, dona Ilza conheceu o seu falecido esposo na Fábrica. Conhecido como Dine, ele jogou em alguns times de futebol da região e teve algumas oportunidades em equipes profissionais.
"O meu marido era artilheiro do Corintinha e da Fábrica Votorantim. Ele jogou em quase todos os times de Votorantim. Meu marido só não foi embora daqui, porque os pais dele tinham medo. Como era só ele de homem na casa, não deixaram ele seguir carreira. Qualquer um, dos mais velhos, que você perguntar vai lembrar do Dine”, diz.
Ilza comentou que Dine trabalhava na mecânica e que namoraram por seis anos. Ao perguntar para ela se ele a enrolou, a aposentada responde. “Acho que fui eu que enrolei ele”, brinca.